Apenas 14% das turbinas da Hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia, estão em funcionamento. Na terça-feira (3), o rio Madeira chegou ao menor nível já observado em quase 60 anos


Hidrelétrica de Santo Antônio, no rio Madeira, em Rondônia — Foto: Beethoven Delano/Divulgação

Porto Velho, RO - O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou, nesta quarta-feira (4), que a Hidrelétrica de Santo Antônio precisou paralisar parte das unidades geradoras em razão da seca extrema do rio Madeira, em Rondônia, e está funcionando com apenas 14% das turbinas. Na terça-feira (3), o rio chegou ao menor nível já observado em quase 60 anos, atingindo 1,02 metro.

Segundo a Eletrobras, controladora da Hidrelétrica Santo Antônio, a manobra de paralisar as unidades geradoras localizadas na margem esquerda e no leito do rio permite manter a geração de energia concentrada no grupo Gerador 1, localizado na margem oposta. A empresa afirma que segue gerando energia para todas as regiões do país.

Contexto: a região amazônica enfrenta um período de seca extrema e dois fatores inibem a formação de nuvens e chuvas: Oceano Atlântico Norte mais aquecido que o normal e mais quente que o Atlântico Sul, e o fenômeno El Niño, que causa atrasos no início da estação chuvosa e enfraquecimento das chuvas iniciais do período.

Em 2014, a cheia histórica do rio Madeira já tinha causado a interrupção do funcionamento das turbinas da hidrelétrica. A paralisação total só foi provocada pela seca uma vez, em 2023.


Seca do rio Madeira em 2024 — Foto: Edson Gabriel

A hidrelétrica é uma das maiores do Brasil. No total, ela possui 50 turbinas com uma capacidade instalada de 3.568 Megawatts, suficiente para atender ao consumo de 45 milhões de pessoas.

O ONS informou que atualmente a Santo Antônio está com sete unidades geradoras em funcionamento, gerando aproximadamente 490 Megawatts; 43 turbinas estão paralisadas.

A Eletrobras aponta que não há previsão de parada total da geração de energia em Santo Antônio, mas não descarta a medida caso haja uma diminuição muito maior nas vazões do rio Madeira. (Confira a nota na íntegra ao final do texto)

Em julho, a Agência Nacional de Águas (ANA) declarou situação “crítica" de escassez de recursos hídricos no rio Madeira e admitiu a possibilidade de paralisação da usina de Santo Antônio por causa da falta de chuvas e baixa vazão de água no rio Madeira.

A hidrelétrica corre esse risco porque funciona em formato de “fio d’água”, ou seja, não armazena a água em seu reservatório e depende do fluxo do rio para manter as turbinas em funcionamento.

As turbinas da usina foram projetadas para operar com uma queda líquida entre 10 e 20 metros: se a queda for maior ou menor que isso, pode comprometer o funcionamento das máquinas e causar a paralisação.

Com mais de 3 mil km² de extensão - se destacando como um dos maiores do mundo - o rio Madeira abriga duas das maiores usinas hidrelétricas do Brasil: Jirau e Santo Antônio. As duas fazem parte do Sistema Interligado Nacional (SIN) e geram energia para todo país.

Fonte: G1