Iniciativa do Governo de Rondônia, por meio da
Fundação Cultural do Estado (Funcer) e do Museu da Memória Rondoniense, o “Café no Museu” tem ajudado a despertar o interesse pela história e pela cultura do Estado. No final da tarde de sexta-feira (6), o evento on-line chegou à 6ª edição debatendo “A representatividade afro feminina na sociedade”.
Conduzido pelo chefe de equipe do Museu e educador patrimonial, João Pedro Rabello, o 6º “Café no Museu” contou com a participação da doutora em educação Cledenice Blackman, autora do livro “Do mar do Caribe à beira do Madeira”, e da fotógrafa Marcela Bonfim.
Formada em economia, Marcela chegou ao estado de Rondônia em busca de trabalho há mais de 10 anos. Mas, por aqui, achou o seu lugar no mundo da fotografia. “Cheguei em Rondônia com 27 anos e a fotografia me levou a este lugar: um corpo negro e autônomo. Quando eu era pequena, eu achava que eu não tinha conteúdo e eu buscava conteúdo na branquitude. Por isso eu falo que Rondônia foi uma academia.
Sobre a missão na fotografia, Marcela é enfática. “Hoje a gente está num processo de requalificar a nossa história e eu luto até o último corpo preto ser dignificado no Brasil. Hoje, trata-se de um corpo em processo de dignificação, esse é o corpo negro no Brasil. É preciso pensar a imagem de forma consciente. Reconstruir, da forma mais digna, a minha própria imagem. A imagem vital! De quem tem o direito de poder se expressar, dizer por si”.
Até o dia 21 de agosto, por meio de uma mostra fotográfica intitulada “Afro-Antilhanas do Madeira: Pioneiras na Arte de Educar”, Marcela Bonfim expõe, no Mercado Cultural, registros de 17 personagens que ajudaram a construir a história e a educação em Porto Velho.
Descendente de barbadianos/antilhanos que vieram a Rondônia trabalhar na construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, a doutora Cledenice Blackman aproveitou a 6ª edição do “Café no Museu” para fazer um verdadeiro resgate da importância e do papel da mulher negra na história de Porto Velho e de Rondônia. Após anos de pesquisas, o trabalho de Cleide, como é mais conhecida, se tornou essencial para a preservação de valores culturais e históricos da capital rondoniense.
“É preciso compreender o que a gente tem enquanto patrimônio histórico, de memória, e também para contribuir na questão que as pessoas vivem falando, de que a gente não tem um sentimento de pertencer. A gente precisa acessar ambientes de cultura, como o museu, a biblioteca, o arquivo, os centros de documentação”, ressalta.
Nesse sentido, Cleide elogia a iniciativa da Fundação Cultural do Estado de Rondônia ao promover um evento online como o “Café no Museu”. “É uma forma, uma tentativa protagonista, de criar esse sentimento de pertencimento na nossa comunidade rondoniense. É algo que vai para o mundo, através
das redes sociais“.
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