A Maternidade Mãe Esperança se converteu, nos últimos anos, em um espaço de referência em acolhimento a mulheres submetidas a violência sexual. O atendimento, que faz parte das prioridades da Prefeitura Municipal, é destinado a acolher e tratar as vítimas com equipe multidisciplinar.
O serviço acolhe mulheres acima de 12 anos. Profissionais fazem o primeiro atendimento pós-estupro, receitando e aplicando a medicação profilática.
Karigina Gomes é assistente social e trabalha na maternidade há 14 anos. Ela recomenda o acolhimento precoce e explica que a vítima precisa procurar o quanto antes um serviço de saúde. “Aqui, administramos as medicações para prevenir infecções e doenças, além de oferecer a pílula do dia seguinte para evitar uma gravidez indesejada”, diz ela.
Em alguns casos, o abuso resulta em gravidez indesejada. Nestas situações, a unidade conta com profissionais capacitados e autorizados a realizar, dependendo de alguns fatores, a interrupção da gestação. Uma das possibilidades é a autorização judicial.
“A interrupção só ocorre até a 12ª semana de gestação, desde que a data da violência seja compatível com o período gestacional. A vítima é atendida por uma equipe multidisciplinar composta por assistente social, psicólogo, médicos e enfermeiros”, explica Karigina.
ENTRADA
O fluxo de atendimento ocorre através de livre demanda ou encaminhamento por redes que registram e apuram denúncias envolvendo violência sexual, como a Delegacia da Mulher, Ministério Público, entre outros.
Maternidade acolhe público acima de 12 anos
“Aqui identificamos a realidade social da vítima. Se ela é vítima de abuso crônico, se está correndo risco de vida e se o abusador está na família”, afirma a assistente social.
Em alguns casos, a Maternidade pode contar com o apoio e parceria de outros serviços da Prefeitura, habilitados a oferecer um abrigo provisório e assistência social. “É muito importante entender que os traumas de um abuso sexual não terminam com o ato. Eles seguem, através do estresse pós-traumático e até pensamentos suicidas. Elas jamais esquecerão, mas é possível fazer com que consigam lidar com isso e seguir em frente”.
NOTIFICAÇÃO
Em 2019 foram realizados 85 acolhimentos de vítimas de abuso sexual. Destes, nove resultaram em interrupções de gestação. Em 2020, a Maternidade fez 65 acolhimentos e sete interrupções. Até agosto de 2021, o serviço registrou 23 casos e cinco interrupções.
“Muitas mulheres não sabem que o Município oferece este serviço. Outras não denunciam, seja por medo, vergonha ou temor de represálias. Por trás dos números há muitas histórias tristes, mas com possibilidade de recuperação”, resume a assistente social.
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