Papel do extensionista rural junto às famílias é fundamental, mesmo com os avanços tecnológicos

Cinquenta anos atrás, no centro-oeste brasileiro, o surpreendente avanço tecnológico mostrou à família do campo o suprassumo da modernidade: ele viu máquinas plantadeiras e colheitadeiras gigantes, dotadas de computador e ar-condicionado. Não demorou muito, as máquinas também foram incorporadas às lavouras de grãos em Rondônia.

Sem assistência técnica adequada e permanente, nem pequenos, nem grandes resistem. Outra constatação: muitos pequenos e médios assistidos em suas propriedades viraram grandes.

Em Rondônia, a assistência técnica funcionou com o advento dos projetos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), quando 156 mil pequenos agricultores não tinham o mínimo recurso para sobreviver em seus lotes.

Em tempos da antiga Associação de Crédito e Assistência Rural (Acar), os 22 únicos servidores viajavam de jipe pelos cantões do ex-território federal. Hoje, a Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia (Emater) possui 945, dos quais, 586 são técnicos que atendem os 52 municípios e diversos distritos, em 83 unidades operacionais.

O objetivo da atenção e do trabalho da Emater está centrado na pecuária leiteira, cafeicultura, piscicultura e cacauicultura. De algum tempo para cá, a entidade vem recebendo um acervo de conhecimentos dos técnicos da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac). Arimateia os considera “capital intelectual”.



Roberto Sabino recebeu assistência em seus cacaueiros, em São Felipe d’Oeste

Este ano de 2021 serão distribuídas aos produtores 600 mil mudas de cacau clonal e cinco milhões de mudas de café clonal.

Graças à atuação dos técnicos, a produtividade cafeeira que era de dez sacas por hectare, alcançou 52, informa o presidente, veterinário Luciano Brandão. “O recorde é recente: o produtor Geraldo Giacomini obteve 208 sacas de café robusta amazônico com novos clones, em Nova Brasilândia d’Oeste”, ele acrescenta.

Acostumados ao cotidiano de sucessivas visitas aos sítios de pequenos produtores, esses técnicos apoiam 506 agroindústrias, assumindo a responsabilidade sobre essas pequenas empresas. “A capilaridade é grande”, comenta o vice-presidente da Emater, veterinário José de Arimateia.

Agora, na supervisão dos trabalhos da agroindústria, orienta na sua estruturação, procedimentos e responsabilidade. Se fosse pagar para receber orientações teria que investir dois salários mínimos mensais.

No passado, a Acar atendia extrativistas e a produtores com agricultura de subsistência: arroz, feijão, mandioca e milho. “Oferecia-se o crédito rural mediante projetos elaborados com o Banco do Brasil e Banco da Amazônia, e nesse cenário existia o Programa de Incentivo à Produção de Borracha Vegetal (Probor); depois, da atuação da Associação de Assistência Técnica e Extensão Rural (Aster), a partir de 1976, evoluímos e passamos a dar assistência à pecuária, e o atual foco é o pequeno produtor familiar, 46 mil pessoas no Estado”. destacou José de Arimateia, vice-presidente da Emater.


“A extensão rural brasileira veio sob influência do modelo americano após a 2ª Guerra Mundial (1939-1945) e com a força do capitalismo no setor rural; no Brasil, ela começou a partir da criação de Acar-Minas Gerais, em 6 de dezembro de 1948”, explica o vice-presidente.

Guajará-Mirim e Porto Velho eram os dois únicos municípios do extinto território federal, e neles funcionavam escritórios da Acar desde 31 de agosto de 1971; o terceiro funcionava em Vila de Rondônia (mais tarde foi denominada Ji-Paraná), com subunidade em Ouro Preto do Oeste. Todos ligados à Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural (Abcar).



Com esforço e dedicação a extensão rural é presente nas propriedades de Rondônia

Daí para o país todo, em 1956, funcionou a Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural e mais tarde, Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural e Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Embrater), extinta no Governo Collor de Melo. “Sentimos o enfraquecimento do setor, mas, felizmente, tudo foi retomado pelos governos estaduais que assumiram o modelo”, diz Arimateia.

Com o início do Projeto Integrado de Colonização Ouro Preto, em 1971, a primeira experiência de colonização oficial na Amazônia Brasileira, o Governo Federal levava à região o Programa de Integração Nacional (PIN), o Programa de Redistribuição de Terras e de Estímulo à Agroindústria do Norte e do Nordeste (Proterra) e o Programa de Polos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia (Polamazônia).
DESDE OS NUARES, O ÊXITO DOS PEQUENOS

Com o funcionamento do Programa de Desenvolvimento Integrado do Noroeste Brasileiro (Polonoroeste), financiado pelo Banco Mundial em 1981, Rondônia criou 23 Núcleos Urbanos de Apoio Rural (Nuares) e 15 viraram cidade, não, sem antes, receberem a influência técnica que tornou a assistência indispensável ao êxito de cada pequeno produtor familiar.

Em 1984, lembra Arimateia, a Aster passou a ser Emater, uma associação de direitos privados e sem fins lucrativos. Cinco anos depois, em 1989, a Constituição Estadual colocou-a, no art.161, na condição de órgão de assistência técnica e extensão rural de Rondônia.

Em 2012, uma ação civil pública movida pelo Ministério Público do Trabalho solicitou que ela fosse transformada em instituição, pois utilizava recursos públicos. Em 2013, o Governo do Estado enviou um projeto à Assembleia Legislativa, concedendo-lhe o caráter de autarquia, o que ocorreu a partir de 2016.

Fonte: Secom